Um canto para caronte (de como a mantícora aprendeu a voar)
O hálito cansado de um corpo pálido trava sua batalha contra a neblina fria Dentro de botas úmidas artelhos corroem, a carne arde e são seis horas, nove horas, três horas e tudo bem.
Mas eu vi acenar para mim o homem na lua a bocejar. E sim, ele estava tão feliz... Morto e tão feliz... E eu limpei os meus olhos destas aranhas sem pernas e acendi cigarros e estopins.
Vou voltar à meia-noite só pra ver voltar.
Minhas mãos cansaram de esmurrar o vidro quando te via escovar suas três fileiras de dentes (e estive preso no espelho por tanto tempo que nem sei bem, e mais cem anos, seis meses, três dias, tudo bem... tanto faz).
Aprendi a amar teu sorriso como se aprende a amar quem sempre diz que no final todos têm a justiça e o sentido e todos são amigos. Quem diria “eu amigo”... Quem diria... Eu sei...
Vou voar agora que me destes asas.
Devoro exércitos, devoro exércitos, canto para os pássaros, corro nos desertos, nem a vontade de mil conselhos pode me deter. Devoro exércitos, devoro exércitos, o sangue negro feito petróleo da boca escorre e me deixa mais forte. Nem São Jorge irá te proteger.
Vou chegar às crateras da lua e me tornar um deus.
xd
-Mr_Confusion- · Wed Dec 10, 2008 @ 10:12pm · 0 Comments |